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A dança hormonal dentro do seu corpo: Cetonas, Glicose, Insulina e Cortisol

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A relação entre cetonas, glicose, insulina e cortisol é complexa e interconectada. Essas quatro substâncias são críticas para o nosso metabolismo e regulação de energia. Elas trabalham juntas para manter o equilíbrio do açúcar no sangue e dos níveis de energia e, quando esse equilíbrio é interrompido, pode levar a uma ampla variedade de problemas de saúde. Neste texto, exploraremos o papel de cada uma dessas substâncias em nosso corpo e a correlação entre elas.

Cetonas

As cetonas são um tipo de molécula produzida pelo fígado quando o corpo está em um estado de cetose. A cetose é um estado metabólico natural que ocorre quando o corpo não tem glucose suficiente para usar como combustível e começa a quebrar gordura para obter energia. As cetonas são produzidas como um subproduto desse processo.
Existem três tipos principais de cetonas: beta-hidroxibutirato (BHB), acetacetato (AcAc) e acetona. O BHB é a cetona primária produzida durante a cetose e é a mais estável das três. AcAc é menos estável e a acetona é um composto volátil produzido em pequenas quantidades.
As cetonas podem ser usadas pelo corpo como fonte de energia, assim como a glicose. No entanto, ao contrário da glicose, que requer insulina para entrar em nossas células, as cetonas podem entrar em nossas células sem a necessidade de insulina. Isso torna as cetonas uma fonte importante de energia para pessoas com resistência à insulina ou diabetes.
As cetonas mostraram ter uma série de benefícios à saúde. Elas podem ajudar a reduzir a inflamação, melhorar a função cognitiva e promover a perda de peso. Há também evidências sugerindo que as cetonas podem ser benéficas para pessoas com doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.

Glicose

A glicose é um tipo de açúcar que é a principal fonte de energia para nossas células. Ela é produzida quando digerimos carboidratos, que são quebrados em glicose no sistema digestivo. A glicose também pode ser produzida pelo fígado por meio de um processo chamado gliconeogênese.
A glicose é essencial para a produção de energia do nosso corpo, mas precisa ser regulada cuidadosamente para evitar flutuações nos níveis de açúcar no sangue. Quando os níveis de açúcar no sangue estão muito altos, pode levar a hiperglicemia, o que pode causar uma série de problemas de saúde, incluindo danos nos nervos, nos rins e doenças cardiovasculares. Quando os níveis de açúcar no sangue estão muito baixos, pode levar a hipoglicemia, o que pode causar tontura, confusão e até perda de consciência.

Glicose e Diabetes

Níveis elevados de açúcar no sangue por um período prolongado podem levar ao diabetes tipo 2. O diabetes tipo 2 é uma condição na qual o corpo se torna resistente à insulina ou não produz insulina suficiente para regular os níveis de açúcar no sangue.

A melhor maneira de prevenir ou gerenciar o diabetes tipo 2 é por meio de modificações no estilo de vida, como manter uma dieta saudável, exercícios regulares e gerenciamento de peso. Medicamentos, como injeções de insulina ou agentes hipoglicêmicos orais, também podem ser necessários em alguns casos.

Insulina

A insulina é crucial para a manutenção da homeostase de glicose no sangue, que é essencial para a produção de energia nas células e para o funcionamento normal do corpo. Quando comemos alimentos ricos em carboidratos, o açúcar entra na corrente sanguínea, o que leva à produção de insulina pelo pâncreas. A insulina então ajuda a transportar a glicose para as células do corpo, onde ela pode ser usada como energia ou armazenada para uso futuro. A falta de insulina ou a incapacidade das células de responderem adequadamente a ela podem levar a níveis elevados de glicose no sangue, o que pode levar a uma série de problemas de saúde, incluindo diabetes.

Resistência à Insulina

A resistência à insulina é uma condição na qual as células do corpo se tornam menos responsivas à insulina. Isso pode levar a níveis elevados de açúcar no sangue, que podem eventualmente levar ao diabetes tipo 2.

Vários fatores podem contribuir para a resistência à insulina, incluindo um estilo de vida sedentário.

É importante lembrar que, embora os corpos cetônicos possam ser benéficos em algumas circunstâncias, eles não devem ser considerados uma solução milagrosa para a perda de peso ou para a saúde em geral. É crucial consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer dieta, especialmente se você tiver condições médicas pré-existentes.

Cortisol e Insulina

Cortisol e insulina também estão inter-relacionados. O cortisol pode aumentar os níveis de açúcar no sangue por meio da gliconeogênese hepática, quando estamos sob estresse. Isso pode dificultar o controle do açúcar no sangue e levar ao desenvolvimento de resistência à insulina ao longo do tempo.
Por outro lado, quando os níveis de insulina são elevados, como em indivíduos com obesidade ou diabetes tipo 2, isso pode aumentar os níveis de cortisol. Isso pode ocorrer devido ao estímulo da produção de cortisol pela insulina.

Cortisol e Cetonas

Os níveis de cortisol tendem a ser mais baixos quando o corpo está em estado de cetose. Isso ocorre porque as cetonas podem ajudar a reduzir a inflamação e o estresse oxidativo, diminuindo a necessidade de cortisol.
Por outro lado, níveis cronicamente elevados de cortisol podem tornar mais difícil para o corpo entrar em estado de cetose. Isso ocorre porque o cortisol pode estimular a quebra de tecido muscular para obtenção de energia, inibindo a quebra de gordura para obtenção de energia.

Quando o corpo está em estado de cetose, os níveis de cortisol tendem a ser mais baixos. Isso ocorre porque os corpos cetônicos podem ajudar a reduzir a inflamação e o estresse oxidativo, o que pode diminuir a necessidade de cortisol do corpo.

Por outro lado, níveis cronicamente elevados de cortisol podem dificultar a entrada do corpo em estado de cetose. Isso ocorre porque o cortisol pode estimular a quebra do tecido muscular para obter energia, o que pode inibir a quebra de gordura para obter energia.

Cortisol e Doenças Cardiovasculares

O cortisol também está relacionado a doenças cardiovasculares. Quando os níveis de cortisol estão elevados por um longo período, isso pode levar a uma série de problemas de saúde, incluindo doenças cardíacas. Isso ocorre porque o cortisol pode aumentar a pressão arterial e o nível de colesterol no sangue, o que aumenta o risco de doenças cardiovasculares.

Cetonas e Epilepsia

A dieta cetogênica, que é rica em gordura e pobre em carboidratos, é frequentemente utilizada no tratamento de epilepsia refratária em crianças. Isso ocorre porque a dieta pode aumentar a produção de cetonas no corpo, o que pode ajudar a reduzir a frequência e a gravidade das convulsões em algumas pessoas.

No entanto, é importante notar que a dieta cetogênica é uma intervenção médica específica e deve ser monitorada por um profissional de saúde. Além disso, a dieta pode ser desafiadora de seguir e pode não ser adequada para todos.

Cetonas e Perda de Peso

As cetonas ganharam popularidade nos últimos anos como uma ferramenta de perda de peso. Isso ocorre porque, quando o corpo está em estado de cetose, ele é mais eficiente na queima de gordura para obter energia. Isso pode levar à perda de peso, pois o corpo usa suas reservas de gordura para obter energia em vez de depender da glicose.

No entanto, é importante observar que a eficácia de uma dieta cetogênica para perda de peso pode variar de pessoa para pessoa. Além disso, a adesão a longo prazo a uma dieta cetogênica pode ser desafiadora e pode não ser adequada para todos.

Conclusão 

Em resumo, a correlação entre cetonas, glicose, insulina e cortisol é complexa e interconectada. Essas substâncias trabalham juntas para regular o metabolismo e os níveis de energia do nosso corpo, e perturbações nesse equilíbrio podem levar a uma variedade de problemas de saúde.

Manter um equilíbrio saudável entre essas substâncias é essencial para nossa saúde e bem-estar geral. Isso pode ser alcançado por meio de modificações no estilo de vida, como manter uma dieta saudável, exercícios regulares, técnicas de gerenciamento de estresse e gerenciamento de peso.

Ao entender a relação entre essas substâncias, podemos tomar medidas para otimizar nosso metabolismo e níveis de energia, levando a uma melhor saúde e bem-estar.

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